Muito antes de ocorrer a separação física dos pais, ocorre a separação emocional que, em muitos casos, leva a desentendimentos, desencontros, quando não, às agressões físicas e à violência psicológica.
A criança que presencia isso sofre muito, pois trata-se das pessoas que mais ama e necessita. Até mesmo bebês muito novos, embora não tendo compreensão da situação, conseguem captar a tensão do ambiente familiar e "saber" que algo estar muito errado, expressando seus sentimentos em forma de choro e agitação, inclusive com alteração dos batimentos cardíacos e aumento da pressão arterial.
Em todos os casos, mesmo percebendo a infelicidade dos pais, a separação é sempre um impacto muito doloroso e profundo, que deixa marcas.
Os conflitos conjugais e a separação colocam os pais em um tal estado de preocupação e perturbação, que fica difiícil dar assistência emocional aos filhos, agravando ainda mais o desespero, a angustia e a insegurança deles.
De um modo geral, as crianças podem ficar deprimidas, tristes, desobedientes, apresentar comportamentos mais agressivos e rebeldes, insônia, pesadelos, alterações do apetite, dificuldade de concentração e perda do interesse pela vida social.
O modo como cada uma se ajustará à separação, depende diretamente de como os pais lidam com o fato, como interagem entre si e com ela, antes e depois da separação.
Muitos pais deixam de informar seus filhos, pois acreditam que não vão entender por serem muito novos. Entretanto, a criança de qualquer idade capta que uma mudança estar ocorrendo e percebe o clima cheio de tensão. Assim, usando uma linguagem adequada para idade de cada uma, ambos os pais devem informar a decisão tomada, sem entrar em detalhes que poderiam confundi-la muito mais que ajudá-la, além de que, seria uma carga muito pesada para ela carregar num momento que está tão necessitada de apoio emocional.
As crianças também precisam saber que não causaram a separação, para que se evite uma culpabilidade sem sentido e prejudicial.
Pais separados não precisam ser amigos, porém, devem manter atitudes de respeito e auto-controle na presença dos filhos, eles levaram isso consigo e quando crescerem servirá de lição. Os pais são seu espelho.
É importante que o pai ou a mãe que estiver com a criança, seja por custódia ou durante as visitas, evite desvalorizar o que estar ausente, mantendo sempre atitude de respeito e cordialidade, para que a criança possa manter um desenvolvimento mais adequado e maduro.
Quanto mais os pais tomarem consciência de que são responsáveis pelo bem-estar físico e emocional dos filhos, maior a possibilidade de um futuro satisfatório para eles, pois as crianças dependem dos pais e se formam através deles.
Liege Chacon
Psicóloga